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Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
A mobilização dos professores da rede estadual ganhou reforço com protestos que vêm sendo organizados pelos estudantes. Com cartazes e palavras de ordem, eles destacam o apoio à greve do magistério, que completa cinco dias nesta sexta-feira. Em Santa Maria, de 35 escolas estaduais consultadas, 28 estão com paralisação total ou parcial. De acordo com o site do Cpers, em todo o Estado são 1.505 escolas em greve.
Nesta quinta-feira, a comunidade escolar participou da Marcha pela Educação, que reuniu estudantes de diversas instituições de ensino. O protesto era contra o fim do plano de carreira dos professores, que está previsto no novo pacote do governo do Estado protocolado na Assembleia Legislativa, e o pagamento parcelado dos salários.
Após quatro dias, 28 escolas de Santa Maria aderem à greve
Uma das manifestações desta quinta começou em frente à Escola Básica Estadual Cícero Barreto, no Bairro Nossa Senhora do Rosário, onde professores, estudantes e funcionários se reuniram e conversaram com a comunidade sobre a greve, além de confeccionar cartazes. Por volta das 9h30min, eles partiram em caminhada em direção à Praça Saldanha Marinho, passando pela Rua Silva Jardim e Avenida Rio Branco.
- A greve está se colocando contra o projeto de destruição do plano de carreira que o governador Eduardo Leite está propondo para nós, de acabar com a política de valorização dos professores. Para nós, é um projeto que vai fazer com que ninguém mais queira dar aula em escola pública - relatou o professor Guilherme Lovatto.
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Na escola Walter Jobim, no Bairro Itararé, a comunidade também se reuniu para protestar. Com cartazes feitos pelos professores e alunos, eles também conversavam com quem passava no local sobre as causas da greve. A manifestação reuniu cerca de 50 pessoas, entre professores, alunos, funcionários, pais e taxistas.
A mobilização de estudantes em favor dos professores cresceu principalmente devido aos 47 meses de atraso no pagamento dos salários e às mudanças no plano de carreira do magistério estadual. Para Pedro Luís Menezes, 15 anos, estudante do 1º ano do Ensino Médio, este não é o melhor momento para uma greve, já que o ano está terminando, mas defende a necessidade de apoiar os professores.
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- Imagina receber pingado, todo mês, quando recebe. Tenho professor fazendo dívidas para conseguir pagar as contas. Sem contar aqueles que estão em depressão. É muito triste - relata.
Já o colega André Rodrigues Santana, 16 anos, acredita que a greve não vai atender às reivindicações dos professores:
- De tempos em tempos tem greve, e a situação não melhora. Pelo contrário, só piora. O sindicato negocia, voltam às aulas e, depois, nada muda.
A paralisação também atinge escolas da região. Em São Sepé, professores, alunos e funcionários fizeram uma caminhada, nesta quinta-feira, pelas principais ruas da cidade.
GREVE AINDA É O INSTRUMENTO MAIS IMPORTANTE DOS TRABALHADORES
A paralisação dos professores da rede estadual divide opiniões não apenas no ambiente escolar. Como o impacto é bem mais abrangente, a comunidade também acaba se posicionando a favor ou contra a greve.
Para o professor de teoria social e políticas públicas da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) e pesquisador da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Guilherme Howes, a mobilização de trabalhadores por meio de greves ainda é o principal instrumento para garantir os direitos básicos da categoria, legitimada pela Constituição Federal.
- Na minha opinião, a greve deveria ser assegurada na lei como um direito. Ponto. Como está redigido hoje, há condicionantes nos parágrafos e incisos, o que denota uma preocupação do Estado em "domesticar" o direito dos trabalhadores de se organizarem na forma de greve - contextualiza o professor.
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Howes lembra que, nas décadas de 1980 e 1990, o magistério tinha como principal bandeira a luta por direitos e garantias a mais. Nos últimos anos, porém, as mobilizações, tanto de professores quanto de outros trabalhadores, têm como foco a contenção de perdas de direitos básicos.
- No caso da docência estadual, chegou-se ao fundo de poço: não receber o salário do mês já trabalhado - complementa Guilherme Howes.
O pesquisador destaca ainda que a comunidade, como um todo, deve aderir à mobilização:
- Os pais e professores devem estar juntos na luta por ter educação, por ter uma escola de qualidade, por ter professores com condições de trabalho.
O Diário entrou em contato com 35 escolas da rede estadual de Santa Maria. Confira a situação de cada uma até o final da tarde desta quinta-feira:
Greve total
- João Link Sobrinho
- Cilon Rosa
Greve parcial
- Érico Veríssimo
- Reinaldo Fernando Coser
- Celina de Moraes
- Rômulo Zanchi
- Edson Figueiredo
- Gomes Carneiro
- Margarida Lopes
- João Belém
- Manoel Ribas
- Coronel Pilar
- Edna May Cardoso
- Maria Rocha
- Santa Marta
- Walter Jobim
- Irmão José Otão
- Boca do Monte
- Olavo Bilac
- Tancredo Neves
- Antônio Xavier da Rocha
- Marieta D'Ambrosio
- Princesa Isabel
- Paulo Devanier Lauda
- Cícero Barreto
- Naura Teixeira Pinheiro
- Dom Antônio Reis
- Augusto Ruschi
- Marechal Rondon
Aula normal
- Luiz Guilherme do Prado Veppo
- Arroio Grande
- Castelo Branco
- Almiro Beltrame
- Paulo Freire
*A escola Padre Caetano não atendeu às ligações feitas na manhã e tarde de ontem
Sexta-feira (22/11)
- 9h - Marcha da Educação, começa na Praça da Locomotiva e segue até a 8ª Coordenadoria Regional de Educação (8ª CRE), na Avenida Presidente Vargas, 1.052
- 17h30min - Assembleia regional do 2º Núcleo do Cpers, no Instituto Estadual de Educação Olavo Bilac, Rua Conde de Porto Alegre, 655
Terça-feira (26/11)
- 13h - Assembleia geral do Cpers, na Praça da Matriz, em Porto Alegre
*Colaboraram Janaína Wille, Jaiana Garcia e Felipe Backes